Litoral Sul/AL
. 13/03, 19h 30 – centro – sábado
Público: 160 pessoas
O CINEMA CONTA HISTÓRIAS DIFERENTES COM TEMAS IGUAIS. Saímos de Jequiá às dez da manhã e novamente demos alguns trancos no automóvel para que voltasse a funcionar. Aproveitando a situação cômico-trágica, convencemos a equipe, com exceção de Hermano, a simular a entrada na Kombi amarela do filme Pequena Miss Sunshine: enquanto todos empurravam o microônibus, fomos entrando um a um no carro já em movimento e quase deixamos Tadeu, nosso dedicado câmera que registrava a cena, do lado de fora. Mais uma vez saímos na famosa banguela, rumo à penúltima sessão da temporada.
Após o maior público da itinerância, Jequiá, partimos para aquela que seria uma sessão atípica nos cinco anos de Acenda uma Vela. Pela primeira vez haveria um lançamento de filme durante a programação, o curta-metragem de ficção Um vestido para Lia, dirigido por Hermano e Regina. Dois meses após o fim das filmagens na Massagueira, voltamos para exibir na vela da jangada a empreitada que grande parte da comunidade ajudou a construir.
Chegamos ao local na hora do almoço e novamente os queridíssimos Lula e Gustavo nos cederam o Ateliê Curiboca para apoio de produção. O dia estava extremamente quente, as folhas dos coqueiros paradas, o asfalto novo e brilhante fervilhando sob nossos pés. Dessa vez a sessão não seria na Praça da Igreja Divina Pastora, como é costume na Massagueira, mas sim em um terreno lateral de areia, na beira da lagoa, onde poderíamos colocar a embarcação dentro d’água.
O sol estava de rachar o côco e combinamos montar a sessão somente às quatro e meia, quando seria possível raciocinar com menos calor e carregar os equipamentos na areia. Paramos para o almoço no famoso Bar do Delegado, um baixinho invocado e de risada engraçada que nunca foi da polícia, mas que posa para fotos no próprio cardápio segurando peixes e espingardas.
O calor demorou a diminuir e logo abrimos a vela quadrada para garantir uma maior projeção durante o lançamento, além de esteiras e cadeiras plásticas para o público. Dessa vez a equipe estava em totalidade, com a presença dos setores mais administrativos do projeto, como Núbia e Regina, que veio do Rio para o lançamento do seu filme, e de Adso, nosso projecionista mais biólogo do cinema.
O dia escureceu e o público começou a chegar aos poucos para ver o vestido da Lia flutuar na beira da lagoa. A protagonista do filme e moradora da Massagueira, a adolescente Fabrícia Avelino, logo apareceu para sua primeira noite de entrevistas e aplausos, coisas que só imaginava possíveis durante os seus sonhos mais delirantes.
Hermano abre a sessão da Massagueira, a penúltima da temporada
[foto / Nataska Conrado]
[foto / Nataska Conrado]
O público lotou a beira da lagoa à espera da Lia
[foto / Nataska Conrado]
[foto / Nataska Conrado]
Vermelho Rubro do Céu da Boca, Sweet Karolynne
e Barbosa esquentaram a noite do vestido
[foto / Nataska Conrado]
[foto / Nataska Conrado]
Alguns amigos próximos compareceram pela proximidade do povoado em relação à Maceió e a Kombi psicodélica dos Saudáveis Subversivos veio registrar a sessão para o canal Futura. Abrimos a noite com a exibição de VERMELHO RUBRO DO CÉU DA BOCA e seguimos com SWEET KAROLYNNE e BARBOSA, para aumentar ainda mais a ansiedade de Fabrícia, da equipe do filme e do público que veio somente para ver a Lia. Karolynne foi, mais uma vez, recebida com muitos aplausos e gargalhadas, comprovando definitivamente que veio para ser o filme da 5ª temporada.
As crianças ocuparam as esteiras na frente da vela
e se deixaram acalmar pelo cinema
[foto / Nataska Conrado]
[foto / Nataska Conrado]
Se tem cinema, tem bicicleta
[foto / Nataska Conrado]
[foto / Nataska Conrado]
Quase nove da noite, o tão esperado UM VESTIDO PARA LIA acendeu a vela na beira da lagoa Mangüaba e emocionou a equipe e muitos moradores da Massagueira que participaram da produção. Ao fim da exibição, Hermano pediu que se aproximassem da vela todos que ajudaram a costurar o vestido da Lia e a equipe técnica, elenco, diretores e ajudantes posaram para uma fotografia que com certeza ficará marcada na nossa memória e do público presente.
A protagonista de Um vestido para Lia, Fabrícia Avelino,
é recebida com aplausos pelos moradores
[foto / Nataska Conrado]
[foto / Nataska Conrado]
As cores do cinema se completam com o público
[foto / Nataska Conrado]
[foto / Nataska Conrado]
Os pais de Fabrícia chegaram atrasados e exibimos novamente o filme para que pudessem ver o bonito trabalho da sua cria. Em seguida, o público evaporou como na noite anterior. Nos mesmos dez minutos não havia um pé de gente no espaço anteriormente ocupado por cerca de 160 pessoas.
Fabrícia dá entrevista após a exibição do filme.
A estréia emocionou a talentosa atriz
[foto / Nataska Conrado]
[foto / Nataska Conrado]
O cinema é coletivo do início ao fim. A equipe do filme: satisfação
e felicidade pela conclusão de um trabalho suado e cheio de dedicação
[foto / Nataska Conrado]
[foto / Nataska Conrado]
Parece que a nossa memória do final de semana foi mesmo das meninas do cinema, seja com a barrigudinha Olive, de Pequena Miss Sunshine, a banguela Karolynne ou a aperriada Lia. E como estranho seria se fosse diferente, parte da equipe demorou a chegar em casa naquela noite: o automóvel pifou sem chance de banguelas, para desespero do cansaço de uns e aventura de outros. Mas até ele foi nosso companheiro, resistindo até que realizássemos a sessão para entregar os pontos. A saudade é que já foi começando a apertar quando nos despedimos pensando ser a última semana do cinema e de todos nós assim, juntos nele, por ele e pelo público.
[filmes exibidos na sessão 6]
/Programação Geral:
VERMELHO RUBRO DO CÉU DA BOCA [Sofia Federico
18 min / 2005 / BA]
SWEET KAROLYNNE [Ana Bárbara Ramos
15 / 2009 / PB]
BARBOSA [Ana Luiza Azevedo e Jorge Furtado
13 min / 1988 / RS]
/Pré-estréia de filme
UM VESTIDO PARA LIA [Hermano Figueiredo e Regina Barbosa
14 min / 2010 / AL]