. ACENDA UMA VELA ANO 5 ||DEMOCRATIZE O CINEMA BRASILEIRO. FILMES SÃO FEITOS PARA SEREM VISTOS || PELOS DIREITOS DO PÚBLICO. NÓS SOMOS O PÚBLICO. realização: IDEÁRIO . patrocínio: MINISTÉRIO DA CULTURA (MinC) - FNC/Secretaria do Audiovisual E PRÊMIO ARETÉ - PROGRAMA CULTURA VIVA/Secretaria de Cidadania Cultural. parceria: PROGRAMADORA BRASIL e ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CINEMA DE ANIMAÇÃO . apoio: CINE + CULTURA, ALGÁS e RÁDIO EDUCATIVA / INSTITUTO ZUMBI DOS PALMARES

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

ACENDA UMA VELA recebe filmes para a 4ª EDIÇÃO em 2009 até o início de março

[ACENDA UMA VELA, 4ª EDIÇÃO


Nas escolas, praças, velas de embarcações, paredes de edifícios, redes de dormir, nas barrigas de boi e de gente. O cinema no olho da rua, para todos os olhos. Este é o objetivo do cinema itinerante Ideário, que atua na democratização dos bens culturais, seduzindo e conquistando platéias dos bairros periféricos e cidades do interior do Nordeste com exibições audiovisuais em espaços públicos e nos suportes mais inusitados.


O projeto mais conhecido é o ACENDA UMA VELA, que exibe filmes em velas de jangada no estado de Alagoas. A atividade proporciona lazer e debate sobre cinema, nos moldes cineclubistas, para diversas comunidades. "É um cinema muito especial: o piso é de areia branca. O teto é o céu estrelado. O ar refrigerado é a brisa do Atlântico, e na jangada parada, imagens em movimento", garante o cineasta Hermano Figueiredo, idealizador do projeto.


Em 2009, o ACENDA UMA VELA chega a sua 4ª edição e contemplará cidades alagoanas como MACEIÓ (capital), MARAGOGI (Litoral Norte), PIRANHAS (região do Baixo São Francisco) e MARECHAL DEODORO (cidade histórica na beira da Lagoa Mundaú). O projeto é uma realização da organização cultural IDEÁRIO e os eventos são totalmente gratuitos. Além da mostra geral, há uma mostra específica para o público infanto-juvenil, intitulada ACENDA UMA VELINHA, com caráter lúdico e filmes próprios para a faixa etária.


Os interessados em enviar filmes deverão preencher o termo de autorização disponível para download no link abaixo e remetê-lo pelo correio, junto com cópia do filme em DVD, sinopse e ficha técnica, até o dia 13 de março de 2009 (data de postagem). Não há limite para o número de títulos enviados.

CLIQUE aqui para baixar
o termo de autorização

Os filmes recebidos serão submetidos à curadoria e os que não forem selecionados para esta edição, integrarão o acervo de cinema itinerante da Ideário, que realiza ações de caráter educativo e cultural pela democratização da produção audiovisual brasileira no Nordeste. A seleção pode ser acompanhada no blog do projeto.


O ACENDA UMA VELA é patrocinado pelo MINISTÉRIO DA CULTURA, através do Fundo Nacional de Cultura (FNC), e a cada ano recebe uma adesão maior de curta-metragistas brasileiros interessados em exibir seus filmes de forma inusitada e para um público que, em sua maioria, nunca foi ao cinema. Além dos filmes enviados, as sessões também contam com o acervo da PROGRAMADORA BRASIL.


Ao final do projeto, todos os realizadores receberão os resultados itinerância e material gráfico sobre a 4ª edição pelos correios. Somente os realizadores dos curtas selecionados receberão fotografias de suas exibições nas velas.


Acender uma vela é uma atitude emblemática que chama a atenção para a necessidade de gerar acesso ao audiovisual brasileiro. A ação tem um caráter político, poético e performático, sendo veículo para um cinema que fala da grande vida brasileira, que faz rir e chorar, distrai e faz pensar.


Mais informações através do e-mail cineideario@gmail.com


[ ENVIE SEU FILME!]
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CINEMA ITINERANTE IDEÁRIO
Rua Gerson Wanderley, 410 - Cruz das Almas
CEP: 57037-490
MACEIÓ/ALAGOAS
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Fotos dos 5 anos de cinema itinerante Ideário encerram a temporada

[ACENDA UMA VELA, 3ª EDIÇÃO

O último dia do projeto, 01 de março, no bairro do Jaraguá, foi bastante peculiar. A exposição fotográfica Cinema Itinerante Ideário ocupou o primeiro andar do Museu da Imagem e do Som de Alagoas (MISA) com os trabalhos de Nataska Conrado, Lula Castello Branco e Celso Brandão. Do lado de fora do museu, na praça Dois Leões, a vela acesa do projeto exibia curtas-metragens brasileiros para um público que se acomodava onde podia - deitado no chão, em pé, nas janelas do museu, pela calçada.


Na exposição, os três fotógrafos apresentaram diferentes olhares sobre os cinco anos de cinema itinerante da ONG, sendo três anos de Acenda uma Vela, através de fotografias digitais, analógicas, em cores e preto e branco, nos mais diferentes tamanhos. Poesia, sensibilidade, cinema e fotojornalismo se encontraram nas quase 100 fotos selecionadas para o evento.

Nataska Conrado, Lula Castello Branco e Celso Brandão:
fotógrafos
da exposição Cinema Itinerante Ideário
[Foto: Amanda Nascimento]


[Foto: Amanda Nascimento]


Em frente ao MISA, Hermano exibiu os filmes que mais agradaram o público durante a 3ª edição do projeto e ainda alguns inéditos, como o média documental Quando a maré encher, de Oscar Malta (PE), o curta de ficção de 1964, A velha a fiar, de Humberto Mauro (RJ) e o videoclipe Zé, de Marianna Bernardes (PE). A noite foi encerrada com a exibição do cômico Cine Holiúdy: O Astista Contra o Caba do Mal, de Halder Gomes (CE) e do vídeo final do projeto produzido pela Ideário.

O videoclipe Zé, de Marianna Bernardes, no encerramento
do projeto. Ao fundo, o Museu da Imagem e do Som de Alagoas
[Foto: Nataska Conrado]


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[ FICHA TÉCNICA ACENDA UMA VELA 3ª EDIÇÃO

EQUIPE:.


HERMANO Figueiredo :. curador e apresentador
REGINA Célia Barbosa :. coordenação de produção
CLAÚDIA Maria da Silva :. produção executiva
ADSO Mendes :. coordenador técnico
NATASKA Conrado :. fotógrafa; assistente de produção
LIS Paim :. produção executiva mostra Acenda uma Velinha; assistente de produção; imagens extras
LULA Castello Branco :. fotógrafo
BRUNO Gonzalez :. câmera e editor

Realização :. IDEÁRIO Comunicação e Cultura
Patrocínio :. MINISTÉRIO DA CULTURA - Fundo Nacional de Cultura - Governo Federal

APOIOS INSTITUCIONAIS :.

Prefeitura Municipal de Maragogi - AL
Prefeitura Municipal de Piaçabuçu - AL
MISA - Museu da Imagem e do Som de Alagoas
Secretaria de Cultura - AL
Multirio - Empresa Municipal de Multimeios - RJ
Associação Olha o Chico - AL
Casa da Arte - AL
Ponto de Cultura ABC Guerreiros de Joana - AL
Boca da Noite Produções audiovisuais - AL

Agradecimento especial :. A TODOS OS REALIZADORES INDEPENDENTES E PRODUTORAS QUE ENVIARAM SEUS FILMES. A TODAS AS PESSOAS QUE INVESTIRAM ENERGIA E AMOR NESTE PROJETO.

FILMES SÃO FEITOS PARA SEREM VISTOS.

E as velas continuam. Cinema na capital e no Litoral Sul

[ACENDA UMA VELA, 3ª EDIÇÃO

Após passar pelas praias de Barra Grande, Centro, Peroba e São Bento em Maragogi, litoral norte de Alagoas, o projeto seguiu para o litoral Sul do Estado na sua segunda fase, durante o mês de fevereiro. Passou pelo bairro de Fernão Velho em Maceió e partiu em seguida para as exibições na beira do Rio São Francisco em Penedo, praia do Peba e beira do Rio Penedinho, em Piaçabuçu.


O documentário em 16mm do cineasta alagoano Celso Brandão também foi destaque no 5º dia da mostra itinerante, 16 de fevereiro, no bairro periférico de Fernão Velho, em Maceió. O filme Memória e vida do trabalho, produzido em 1984, foi o ponto mais alto do evento, pois trouxe para a vela as mudanças ocorridas em Fernão Velho, Saúde e Rio Largo há mais de 20 anos atrás, quando ainda eram vilas operárias que começavam a se transformar em bairros.


Antes do filme, o público muito calado, inquietava o curador do projeto, Hermano Figueiredo. Porém, foi só o documentário de Celso começar que muitos moradores mais antigos passaram a apontar eufóricos para a vela, pois se reconheceram nas imagens ou relembraram amigos e lugares que já não existem em Fernão atualmente.


Hermano Figueiredo, curador do projeto, e o seu cinema
de película na praça de Fernão Velho
[Foto: Nataska Conrado]


Memória e vida do trabalho (1984) foi exibido em 16mm sob
aplausos e com a presença do diretor Celso Brandão
[foto: Nataska Conrado]

Penedo, cidade mais antiga de Alagoas e famosa nacionalmente pelo extinto Festival do Cinema Brasileiro de Penedo (1975-1982), recebeu a vela do projeto no dia 21 de fevereiro. A exibição perto das balsas, na beira do rio São Francisco, atraiu o maior público da terceira edição: 350 pessoas ocuparam as cadeiras, o chão, as escadarias, barcos e o mirante do rio. Um pouco mais distantes da vela, havia famílias inteiras assistindo os filmes dentro dos automóveis estacionados.

A cidade histórica de Penedo, na beira do rio São Francisco,
foi o maior público da desta edição: 350 pessoas
[Foto: Nataska Conrado]

Canoa na água serve de assento para o cinema
no povoado de Penedinho, na beira do rio São Francisco
[Foto: Nataska Conrado]


A sessão em Penedo se estendeu um pouco mais e Hermano exibiu filmes que ainda não tinham participado dos outros eventos da edição, como os curtas A matadeira e Ilha das Flores, de Jorge Furtado (RS), o desenho animado Novela, de Otto Guerra (RS), e O Último Raio de Sol, com o ator Zé Dummond e direção de Bruno Torres (DF).

Lendas brasileiras, pipoca e muitas histórias numa vela em miniatura

[ACENDA UMA VELA, 3ª EDIÇÃO

No dia 19 de janeiro, na bucólica praia de São Bento, em Maragogi, o projeto Acenda uma Vela realizou pela primeira vez uma mostra exclusiva de filmes infanto-juvenis. Através da parceria com a Empresa Municipal de Multimeios do Rio de Janeiro, a MULTIRIO, que cedeu a série animada Juro que Vi sobre as lendas do folclore brasileiro, o ACENDA UMA VELINHA atraiu mais de 150 crianças do povoado e um grande número de adolescentes e adultos curiosos com as histórias de O curupira (2003), O boto (2005), Iara (2005) e Matinta Perera (2007).


Produzidos com técnica profissional de animação em 35 milímetros, os desenhos, com 10 minutos cada, foram realizados em parceria com alunos e professores da Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro. As histórias são contadas através do olhar das crianças, que entraram em contato com as lendas brasileiras sob orientação dos professores, reunindo-se depois em oficinas da MultiRio para recontá-las e ajudar na construção do roteiro.

O Curupira no Acenda uma Velinha em São Bento - Maragogi, AL
[Foto: Nataska Conrado]


As animações também possuem versões para TV e receberam importantes prêmios nacionais e internacionais, entre eles o de melhor animação no Anima Mundi para O Curupira e O Boto no ano em que concorreram e melhor animação no Festival de Cinema de Gramado para Matinta Perera.


Antes da exibição da série, os atores alagoanos Naeliton Santos e Márcia Mariah, do filme Desalmada e Atrevida, fizeram uma dinâmica de "contação" de histórias com o livro Histórias da Lia, da escritora alagoana Regina Célia Barbosa. Em seguida, pediram às crianças que contassem suas próprias histórias em voz alta. As crianças receberam pipocas no saquinho personalizado do projeto e muitos bombons ao final dos filmes.


A tela utilizada para a mostra infanto-juvenil foi a vela de jangada de Davisson, de 13 anos, filho de pescador em Maragogi. A equipe do Acenda uma Vela produziu um vídeo sobre o garoto em uma de suas saídas para o mar e o exibiu na noite do Acenda uma Velinha sobre sua "vela-mirim", utilizada por ele para pescaria somente nas férias escolares.

Por trás da vela translúcida, crianças coladas na tela assistem aos desenhos. Abaixo, saquinhos personalizados do projeto, utilizados como candeeiros, iluminam as areias de São Bento
[Foto: Nataska Conrado]

Filmes de animação e documentários nas velas da 3ª edição

[ACENDA UMA VELA, 3ª EDIÇÃO

No verão de 2007/2008, o Acenda uma Vela chegou a sua 3ª edição e passou pelas cidades alagoanas de Maragogi, Penedo, Piaçabuçu e pela capital, Maceió, de janeiro até o início de março. Ao todo foram dez eventos, com uma média de público de 250 pessoas cada. As exibições gratuitas trouxeram curtas-metragens brasileiros dos mais diversos gêneros.


Pela ótima safra de animações brasileiras no último ano, o projeto exibiu muitas delas em sua programação, conquistando público das mais diferentes idades. O vencedor do Festival Anima Mundi de 2007, o 3D Até o Sol Raiá, de Fernando Jorge e Leanndro Amorim (PE), assim como Vida Maria, de Márcio Ramos (CE) e Historietas Assombradas (Para crianças mal criadas), de Vitor-Hugo Borges (SP), estiveram entre as animações que mais conquistaram os alagoanos.


Exibição de Historietas Assombradas no povoado
de Penedinho, AL : um dos maiores públicos infantis do projeto
[Foto: Lula Castello Branco]



Depois de vencer o Anima Mundi do Rio e de São Paulo,
Até o Sol Raiá foi um dos maiores destaques do projeto
[Foto: Nataska Conrado]

Apesar do sucesso dos filmes animados, o documentário Samba de Matuto, de Eliane Macedo (PE), foi lançado sob aplausos no segundo dia da mostra itinerante, 18 de janeiro, na Praia Central de Maragogi. Sob os olhos atentos de um grupo local de samba de matuto, o filme, premiado no último Festival de Vídeo do Recife (2007), fez um passeio através das várias vertentes e influências do samba brasileiro, viajando pelo Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco, até chegar ao Samba de Matuto de Maragogi (AL).


"A iniciativa de produzir este trabalho partiu, especialmente, da vontade de realizar o registro iconográfico sobre o samba de matuto, manifestação praticamente em extinção, que sobrevive através da vontade e da luta de alguns apaixonados em manter as suas raízes culturais vivas, a exemplo Grupo do Mestre Camacho de Maragogi", afirmou Eliane.


Além do documentário e das animacões, o média-metragem de ficção alagoano Desalmada e Atrevida, do diretor Pedro da Rocha (AL), arrancou muitos risos e aplausos em todas as exibições do projeto. O filme faz uma incursão bem humorada pelo universo brega, com roteiro adaptado da história em quadrinhos Xôxo e a Radiola, de Gino, publicada na Gazeta de Alagoas na década de 90.

Exibição na praia de Garça Torta, litoral Norte/AL
[Foto: Nataska Conrado]

2ª edição: velas e olhos atentos ao cinema brasileiro

[ACENDA UMA VELA, 2ª EDIÇÃO

Verão de 2006/2007. Velas acesas com cinema em Maceió, Maragogi, Garça Torta e Piaçabuçu, sob a curadoria de Hermano Figueiredo. Uma exposição de fotografias do projeto na Casa da Arte, em Garça Torta, marcou o encerramento de mais uma temporada.

[ GALERIA DE FOTOS

. fotógrafa: Nataska Conrado

Praia de Garça Torta - Maceió/AL



Praia de Garça Torta - Maceió/AL



Maragogi - Litoral Norte/AL


Maragogi - Litoral Norte/AL



Maragogi - Litoral Norte/AL


Praia de São Bento - Maragogi/AL


Piaçabuçu - Sul de Alagoas /AL


Pontal do Coruripe - Litoral Sul/AL

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

As primeiras velas acesas, diário da 1ª edição

[ACENDA UMA VELA, 1ª EDIÇÃO

Eventos performáticos de exibição de filmes e vídeo no Litoral Norte de Alagoas, sob a curadoria de Hermano Figueiredo, utilizando como tela as velas de jangadas. Promovido pela Ideário, no verão, entre dezembro de 2005 e fevereiro de 2006, com recursos do Fundo Nacional de Cultura - Secretaria do Audiovisual (SAv), Ministério da Cultura (MinC), Governo Federal.


Folder da 1ª edição

[ Vila de Pescadores no bairro de Jaraguá - Maceió/AL

. 29 de dezembro de 2005

Durante todo o dia, percorremos a Vila conversando com líderes comunitários, pescadores, marisqueiras e estudantes. Distribuímos os panfletos e afixamos cartazes explicando a novidade alardeada por uma bicicleta com um sistema de som que fizemos circular às vielas estreitas. Era o cinema fora do cinema para todo mundo ver. Começamos a sessão com São Luis Caleidoscópio, no qual pessoas dançam bumba-meu-boi; em seguida um filme de animação deu sequência e agradou, principalmente às crianças. O filme alagoano Mirante Mercado, falando do estar no mundo de trabalhadores das ruas de Maceió, prendeu a atenção dos espectadores, porém começamos a observar que o público ia diminuindo.
Só depois ficamos sabendo que estávamos em um lugar de conflito e a comunidade moradora do outro lado da Vila não frequentava aquele espaço. Assim, o público foi menor do que o esperado.


[ Povoado Massagueira - Lagoa Manguaba/AL

. 05 de janeiro de 2006

Às margens da Lagoa Mundaú, a Massagueira abriga uma comunidade que, em grande parte, vive da pesca e da comercialização de doces. É um lugar de grande exuberância paisagística. Escolhemos exibir junto a um cruzeiro, numa pracinha. O barco foi retirado d’água e posto à margem. O público logo foi chegando, no entanto, tivemos que aguardar o fim de uma novena que os moradores faziam na igreja em frente.
A mostra começou com a exibição de desenhos animados, o que agradou o público infantil. Foram exibidos curtas de ficção que também foram bem recebidos, mas o público saiu do sério mesmo com o documentário Mirante Mercado. Após a sessão concedemos longa entrevista para o site Overmundo.


[ Praia de São Bento - Maragogi/AL

. 06 de janeiro de 2006

A bucólica praia de São Bento, povoado de Maragogi, foi a base de operações do projeto por alguns dias. A primeira exibição foi divulgada pelo próprio serviço de som do projeto e por cartazes afixados na véspera. Assim que a brancura da vela recebeu as primeiras imagens, o público foi chegando de um lado e de outro e se acomodando em cadeiras que iam trazendo de casa, troncos de coqueiros e até na branca areia. Aplaudiram todos os filmes, mas se divertiram e se identificaram com o filme alagoano Mirante Mercado e ao saberem que foi produzido pela Ideário e dirigido por Hermano Figueiredo, praticamente exigiram que filmássemos também as curiosidades e personagens locais. Atendemos ao pedido documentando um pouco do cotidiano, da cultura e entrevistando alguns personagens. O destaque foram os contadores de coco locais.

. 11 de janeiro de 2006


A segunda exibição em São Bento foi a cerca de 500 metros da anterior, porém, não imaginávamos que aquilo determinaria um público bem diferente do evento anterior. A composição era de moradores locais e turistas que veraneiam naquela localidade, a maioria do Estado de Pernambuco. Receberam a divulgação nas pousadas através de cartazes e panfletos com grata surpresa. A jangada foi estacionada num coqueiral entre a rua e a beira da praia. Mais uma vez as cadeiras trazidas de casa e das pousadas e os troncos de coqueiros foram os assentos do nosso cinema ao ar livre.

. 18 de janeiro de 2006


A terceira exibição em São Bento foi no local da primeira atividade, atendendo a solicitação de parte da comunidade que se sentiu desprestigiada com a escolha do local da exibição anterior. Era grande a expectativa para ver o breve documentário sobre São Bento. Naquele dia recebemos o realizador pernambucano, residente no Rio de Janeiro, Petrônio de Lorena, que subiu à jangada para apresentar seu filme. Foram exibidos três curtas, antes do aguardado documentário que, finalmente exibido, foi recebido ruidosamente pela platéia. Provocou risos, comoveu e ainda deu um afago na auto-estima dos caiçaras.


foto: Lula Castello Branco



foto: Lula Castello Branco

foto: Lula Castello Branco

foto: Nataska Conrado

foto: Nataska Conrado


[ Praia de Barra Grande - Maragogi/AL

.
12 de janeiro de 2006

Barra Grande é uma praia de águas de um azul muito claro e de areia muito branca e fina. A jangada, no horário combinado, apontava em direção ao local e foi também empurrada pelo vento que fazia bochecha na vela mais branca que pudemos encontrar. Mal terminamos de estacionar a embarcação, montar o equipamento de som e de projeção e fazer os testes, o público começou a se acomodar em degraus que margeavam a areia da praia, atraídos pela publicidade feita pelo serviço de som de uma miniatura de caminhão de trio elétrico que ostentava o banner do projeto. Foi um público encantado e vibrante com os filmes, o que constatamos pelas muitas gargalhadas, aplausos e perguntas que fizeram depois da sessão.


[ Porto de Pedras - AL

. 14 de janeiro de 2006


Saímos de São Bento e passamos por toda extensão de exuberantes praias de Japaratinga até a balsa, que atravessamos para chegar em Porto de Pedras, uma das cidades mais antigas do Brasil e muito citada nos livros de história que tratam do período holandês. Já na véspera tínhamos acertado tudo com o pescador que locou a jangada e com um assessor do prefeito que nos garantiu apoio na divulgação. Quando a lua cheia subia amarelada, começamos a sessão que durou cerca de hora e meia e agradou ao público que atendeu aos chamados do carro de som, cartazes afixados e panfletos distribuídos. Precisamos pedir a um bar a trezentos metros que diminuísse os milhares de decibéis que torturavam nossos ouvidos com uma coisa chamada de “música” que escutavam. A partir daí o público aumentou e um grupo de pescadores, dirigentes da colônia local, começou a exigir imagens de Porto de Pedras: começaram a sugerir uma espécie de roteiro. No mais, percebemos que os filmes agradaram às crianças, jovens, adultos e até a alguns que visitavam a cidade. Desarmamos o "circo" e pegamos a balsa de volta.

. 15 de janeiro de 2006

Mais uma vez deixamos a nossa base em São Bento e pegamos a balsa em Japaratinga para Porto de Pedras. Na balsa tinha um sujeito que parecia ser um vendedor de antenas em semáforos, mas que, na verdade, estava monitorando os peixes-boi (Porto de Pedras é a sede do projeto Peixe-boi em Alagoas). Ele nos informou que entre os peixes-boi que foram reintroduzidos no mar há dez anos estavam o macho “Sol” em Sergipe e a fêmea “Lua” numa praia do litoral sul. Lembramos que a Ideário realizou exibição de filmes numa vela de jangada na última reintrodução de peixes-boi, dois anos antes e ele nos disse que o barco que usamos era dele. Desembarcamos. A jangada já estava estacionada no local combinado, parte da equipe foi panfletar e a outra parte instalava tanto o som como os projetores e procedia os testes. A movimentação atraiu rapidamente o público. Estava bonito de olhar, algumas bicicletas perfiladas serviam de acento a seus donos, outros sentaram em cadeiras cedidas pelo bar mais próximo e outros na areia da praia. Alguns revezavam o olhar, ora para o filme, ora para o projetor. Entre um filme e outro falamos que a intenção do projeto era também estimular os cidadãos e o governo municipal a criar espaços de difusão do produto audiovisual brasileiro em sua própria cidade.

. 19 de janeiro de 2006


Numa atitude de agradecimento ao município de Maragogi, mesmo tendo cumprido o número proposto de exibições, resolvemos atender ao pedido de nossos colaboradores e de diversas pessoas da cidade, inclusive da equipe que locou o serviço de som: fazer uma exibição na sede do município. Ali tivemos a colaboração de pescadores que deslocaram por terra uma pesada jangada a uma distancia de 350 m do local da exibição. A sessão aconteceu numa praça em frente ao mar com uma cobertura de palha, que deu garantia contra a chuva. O público era dividido entre pescadores, outros moradores de Maragogí e turistas. A mostra de curtas foi eclética e agradou ao público que retribuiu com atenção e aplausos. A programação foi fechada com a exibição do doc alagoano Mirante Mercado. Entre um filme e outro, de cima da jangada, falamos sobre o projeto e sobre os filmes exibidos.

foto: Nataska Conrado

foto: Nataska Conrado

[ Marechal Deodoro/AL


. 31 de janeiro de 2006

Às 17 horas, o barco à vela aportou no local combinado da Lagoa Manguaba, bem no centro da cidade histórica de Marechal Deodoro. Os cartazes afixados dias antes e os panfletos distribuídos à tarde mobilizaram os espectadores, em especial estudantes, para a sessão que começou às 19 horas. O público ouvia atento às preleções antes dos filmes e aplaudia cada filme com entusiasmo. Ao fim da sessão, estudantes perguntaram quando haveria nova sessão e se o evento seria toda semana, torcendo para que virasse uma atividade cultural permanente na cidade.

. 08 de fevereiro de 2006

Os primeiros espectadores a chegarem foram estudantes que estiveram na exibição anterior. À medida que as aulas foram terminando e algumas escolas liberando seus alunos, o público foi aumentando. Em seguida, chegou uma equipe da afiliada da TV Globo que gravou matéria exibida nacionalmente no Jornal da Globo no dia seguinte. A matéria (mídia espontânea) teve grande repercussão, dando grande visibilidade à ação de exibição de filmes em velas de jangadas.


[ Praia de Garça Torta - Maceió/AL

. 03 de fevereiro de 2006

Os pescadores e suas famílias foram os primeiros a chegar, seguidos de outros moradores, veranistas e turistas, que logo lotaram as embarcações que serviram de assentos. O público era heterogêneo, mas aplaudia todos os filmes, uns com mais força outros com mais palmas. Nesta noite tivemos a presença de uma comitiva de representantes de ONG´s de vários Estados do Nordeste, que estavam num evento em Maceió (Mobilizar) e ficaram extasiados com as mostras de filmes em vela de jangada. Deram entusiasmados depoimentos de que este projeto deveria ultrapassar as fronteiras de Alagoas para outras cidades nordestinas.


[ Praia de Jatiúca (Posto 7) - Maceió/AL


. 11 de fevereiro de 2006

O local conhecido como Posto 7, na badalada praia de Jatiúca, recebeu um público que no começo, às 19 horas, era de aproximadamente 100 expectadores, mas depois do terceiro curta exibido chegou a mais de 400. A mostra terminou por volta da meia noite. Nas preleções de Hermano Figueiredo antes de cada filme, foi divulgada a abertura das inscrições para o DOC TV e da Oficina com Geraldo Sarno, que prestigiou o evento e teve um curta exibido. Sarno falou ao público de cima da jangada sobre o seu filme e sobre a oficina que começaria dois dias depois. O cineasta ainda elogiou o projeto Acenda uma Vela. O público participou com perguntas e opiniões.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

O início da itinerância e suas histórias


A primeira ação do cinema itinerante da Ideário foi o projeto Olhar e Ver (2003), que levou cinema para as periferias de Maceió, exibindo em grotas, acampamentos sem-terra e no Campus Universitário. A iniciativa se originou das atividades cineclubistas já realizadas anteriormente por Hermano, que sempre defendeu a democratização do acesso à produção audiovisual brasileira e o seu debate. Desde 1999, ele já exibia em bairros periféricos da cidade através do projeto Olho da Rua.

"Exibir em superfícies inusitadas não é somente performático", afirma Hermano, "é questão de atitude e protesto em favor do público e dos cineastas brasileiros, ambos sem tela no circuito comercial".


Filmes em redes de dormir em Piaçabuçu/sul de Alagoas

Hermano se orgulha das histórias que passou a colecionar durante as exibições, como a que ocorreu numa favela às margens do Rio Potengi (RN), enquanto preparava-se para uma sessão de cinema ao ar livre e uma mulher disse aos gritos que as crianças não precisavam daquilo e sim do que "botar no bucho". Imediatamente pediu que um dos meninos curiosos levantasse a camisa, ajustou a objetiva do projetor e exibiu o filme em sua barriga. Logo uma fila de cerca de 40 garotos se amontoaram para ter as imagens em movimento nos corpos.




"Em uma exibição na praia de Garça Torta, em Maceió, até um bebê no colo do pai entrou na fila para ser 'batizado' com imagens em movimento em sua roupinha branca de pagão", lembra Hermano, que já chegou a projetar na barriga de um boi em um acampamento sem-terra no Rio Grande do Norte.

A partir de 2005, a Ideário passou a realizar exibições itinerantes em localidades litorâneas, lagunares e ribeirinhas, sempre durante o verão, através do projeto Acenda uma Vela. Nele, os filmes são projetados sobre mais um suporte inusitado, símbolo da cultura nordestina - a vela de jangada. A atividade proporciona lazer e debate, nos moldes cineclubistas, para comunidades que, em sua maioria, nunca foram ao cinema.