. ACENDA UMA VELA ANO 5 ||DEMOCRATIZE O CINEMA BRASILEIRO. FILMES SÃO FEITOS PARA SEREM VISTOS || PELOS DIREITOS DO PÚBLICO. NÓS SOMOS O PÚBLICO. realização: IDEÁRIO . patrocínio: MINISTÉRIO DA CULTURA (MinC) - FNC/Secretaria do Audiovisual E PRÊMIO ARETÉ - PROGRAMA CULTURA VIVA/Secretaria de Cidadania Cultural. parceria: PROGRAMADORA BRASIL e ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CINEMA DE ANIMAÇÃO . apoio: CINE + CULTURA, ALGÁS e RÁDIO EDUCATIVA / INSTITUTO ZUMBI DOS PALMARES

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

As primeiras velas acesas, diário da 1ª edição

[ACENDA UMA VELA, 1ª EDIÇÃO

Eventos performáticos de exibição de filmes e vídeo no Litoral Norte de Alagoas, sob a curadoria de Hermano Figueiredo, utilizando como tela as velas de jangadas. Promovido pela Ideário, no verão, entre dezembro de 2005 e fevereiro de 2006, com recursos do Fundo Nacional de Cultura - Secretaria do Audiovisual (SAv), Ministério da Cultura (MinC), Governo Federal.


Folder da 1ª edição

[ Vila de Pescadores no bairro de Jaraguá - Maceió/AL

. 29 de dezembro de 2005

Durante todo o dia, percorremos a Vila conversando com líderes comunitários, pescadores, marisqueiras e estudantes. Distribuímos os panfletos e afixamos cartazes explicando a novidade alardeada por uma bicicleta com um sistema de som que fizemos circular às vielas estreitas. Era o cinema fora do cinema para todo mundo ver. Começamos a sessão com São Luis Caleidoscópio, no qual pessoas dançam bumba-meu-boi; em seguida um filme de animação deu sequência e agradou, principalmente às crianças. O filme alagoano Mirante Mercado, falando do estar no mundo de trabalhadores das ruas de Maceió, prendeu a atenção dos espectadores, porém começamos a observar que o público ia diminuindo.
Só depois ficamos sabendo que estávamos em um lugar de conflito e a comunidade moradora do outro lado da Vila não frequentava aquele espaço. Assim, o público foi menor do que o esperado.


[ Povoado Massagueira - Lagoa Manguaba/AL

. 05 de janeiro de 2006

Às margens da Lagoa Mundaú, a Massagueira abriga uma comunidade que, em grande parte, vive da pesca e da comercialização de doces. É um lugar de grande exuberância paisagística. Escolhemos exibir junto a um cruzeiro, numa pracinha. O barco foi retirado d’água e posto à margem. O público logo foi chegando, no entanto, tivemos que aguardar o fim de uma novena que os moradores faziam na igreja em frente.
A mostra começou com a exibição de desenhos animados, o que agradou o público infantil. Foram exibidos curtas de ficção que também foram bem recebidos, mas o público saiu do sério mesmo com o documentário Mirante Mercado. Após a sessão concedemos longa entrevista para o site Overmundo.


[ Praia de São Bento - Maragogi/AL

. 06 de janeiro de 2006

A bucólica praia de São Bento, povoado de Maragogi, foi a base de operações do projeto por alguns dias. A primeira exibição foi divulgada pelo próprio serviço de som do projeto e por cartazes afixados na véspera. Assim que a brancura da vela recebeu as primeiras imagens, o público foi chegando de um lado e de outro e se acomodando em cadeiras que iam trazendo de casa, troncos de coqueiros e até na branca areia. Aplaudiram todos os filmes, mas se divertiram e se identificaram com o filme alagoano Mirante Mercado e ao saberem que foi produzido pela Ideário e dirigido por Hermano Figueiredo, praticamente exigiram que filmássemos também as curiosidades e personagens locais. Atendemos ao pedido documentando um pouco do cotidiano, da cultura e entrevistando alguns personagens. O destaque foram os contadores de coco locais.

. 11 de janeiro de 2006


A segunda exibição em São Bento foi a cerca de 500 metros da anterior, porém, não imaginávamos que aquilo determinaria um público bem diferente do evento anterior. A composição era de moradores locais e turistas que veraneiam naquela localidade, a maioria do Estado de Pernambuco. Receberam a divulgação nas pousadas através de cartazes e panfletos com grata surpresa. A jangada foi estacionada num coqueiral entre a rua e a beira da praia. Mais uma vez as cadeiras trazidas de casa e das pousadas e os troncos de coqueiros foram os assentos do nosso cinema ao ar livre.

. 18 de janeiro de 2006


A terceira exibição em São Bento foi no local da primeira atividade, atendendo a solicitação de parte da comunidade que se sentiu desprestigiada com a escolha do local da exibição anterior. Era grande a expectativa para ver o breve documentário sobre São Bento. Naquele dia recebemos o realizador pernambucano, residente no Rio de Janeiro, Petrônio de Lorena, que subiu à jangada para apresentar seu filme. Foram exibidos três curtas, antes do aguardado documentário que, finalmente exibido, foi recebido ruidosamente pela platéia. Provocou risos, comoveu e ainda deu um afago na auto-estima dos caiçaras.


foto: Lula Castello Branco



foto: Lula Castello Branco

foto: Lula Castello Branco

foto: Nataska Conrado

foto: Nataska Conrado


[ Praia de Barra Grande - Maragogi/AL

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12 de janeiro de 2006

Barra Grande é uma praia de águas de um azul muito claro e de areia muito branca e fina. A jangada, no horário combinado, apontava em direção ao local e foi também empurrada pelo vento que fazia bochecha na vela mais branca que pudemos encontrar. Mal terminamos de estacionar a embarcação, montar o equipamento de som e de projeção e fazer os testes, o público começou a se acomodar em degraus que margeavam a areia da praia, atraídos pela publicidade feita pelo serviço de som de uma miniatura de caminhão de trio elétrico que ostentava o banner do projeto. Foi um público encantado e vibrante com os filmes, o que constatamos pelas muitas gargalhadas, aplausos e perguntas que fizeram depois da sessão.


[ Porto de Pedras - AL

. 14 de janeiro de 2006


Saímos de São Bento e passamos por toda extensão de exuberantes praias de Japaratinga até a balsa, que atravessamos para chegar em Porto de Pedras, uma das cidades mais antigas do Brasil e muito citada nos livros de história que tratam do período holandês. Já na véspera tínhamos acertado tudo com o pescador que locou a jangada e com um assessor do prefeito que nos garantiu apoio na divulgação. Quando a lua cheia subia amarelada, começamos a sessão que durou cerca de hora e meia e agradou ao público que atendeu aos chamados do carro de som, cartazes afixados e panfletos distribuídos. Precisamos pedir a um bar a trezentos metros que diminuísse os milhares de decibéis que torturavam nossos ouvidos com uma coisa chamada de “música” que escutavam. A partir daí o público aumentou e um grupo de pescadores, dirigentes da colônia local, começou a exigir imagens de Porto de Pedras: começaram a sugerir uma espécie de roteiro. No mais, percebemos que os filmes agradaram às crianças, jovens, adultos e até a alguns que visitavam a cidade. Desarmamos o "circo" e pegamos a balsa de volta.

. 15 de janeiro de 2006

Mais uma vez deixamos a nossa base em São Bento e pegamos a balsa em Japaratinga para Porto de Pedras. Na balsa tinha um sujeito que parecia ser um vendedor de antenas em semáforos, mas que, na verdade, estava monitorando os peixes-boi (Porto de Pedras é a sede do projeto Peixe-boi em Alagoas). Ele nos informou que entre os peixes-boi que foram reintroduzidos no mar há dez anos estavam o macho “Sol” em Sergipe e a fêmea “Lua” numa praia do litoral sul. Lembramos que a Ideário realizou exibição de filmes numa vela de jangada na última reintrodução de peixes-boi, dois anos antes e ele nos disse que o barco que usamos era dele. Desembarcamos. A jangada já estava estacionada no local combinado, parte da equipe foi panfletar e a outra parte instalava tanto o som como os projetores e procedia os testes. A movimentação atraiu rapidamente o público. Estava bonito de olhar, algumas bicicletas perfiladas serviam de acento a seus donos, outros sentaram em cadeiras cedidas pelo bar mais próximo e outros na areia da praia. Alguns revezavam o olhar, ora para o filme, ora para o projetor. Entre um filme e outro falamos que a intenção do projeto era também estimular os cidadãos e o governo municipal a criar espaços de difusão do produto audiovisual brasileiro em sua própria cidade.

. 19 de janeiro de 2006


Numa atitude de agradecimento ao município de Maragogi, mesmo tendo cumprido o número proposto de exibições, resolvemos atender ao pedido de nossos colaboradores e de diversas pessoas da cidade, inclusive da equipe que locou o serviço de som: fazer uma exibição na sede do município. Ali tivemos a colaboração de pescadores que deslocaram por terra uma pesada jangada a uma distancia de 350 m do local da exibição. A sessão aconteceu numa praça em frente ao mar com uma cobertura de palha, que deu garantia contra a chuva. O público era dividido entre pescadores, outros moradores de Maragogí e turistas. A mostra de curtas foi eclética e agradou ao público que retribuiu com atenção e aplausos. A programação foi fechada com a exibição do doc alagoano Mirante Mercado. Entre um filme e outro, de cima da jangada, falamos sobre o projeto e sobre os filmes exibidos.

foto: Nataska Conrado

foto: Nataska Conrado

[ Marechal Deodoro/AL


. 31 de janeiro de 2006

Às 17 horas, o barco à vela aportou no local combinado da Lagoa Manguaba, bem no centro da cidade histórica de Marechal Deodoro. Os cartazes afixados dias antes e os panfletos distribuídos à tarde mobilizaram os espectadores, em especial estudantes, para a sessão que começou às 19 horas. O público ouvia atento às preleções antes dos filmes e aplaudia cada filme com entusiasmo. Ao fim da sessão, estudantes perguntaram quando haveria nova sessão e se o evento seria toda semana, torcendo para que virasse uma atividade cultural permanente na cidade.

. 08 de fevereiro de 2006

Os primeiros espectadores a chegarem foram estudantes que estiveram na exibição anterior. À medida que as aulas foram terminando e algumas escolas liberando seus alunos, o público foi aumentando. Em seguida, chegou uma equipe da afiliada da TV Globo que gravou matéria exibida nacionalmente no Jornal da Globo no dia seguinte. A matéria (mídia espontânea) teve grande repercussão, dando grande visibilidade à ação de exibição de filmes em velas de jangadas.


[ Praia de Garça Torta - Maceió/AL

. 03 de fevereiro de 2006

Os pescadores e suas famílias foram os primeiros a chegar, seguidos de outros moradores, veranistas e turistas, que logo lotaram as embarcações que serviram de assentos. O público era heterogêneo, mas aplaudia todos os filmes, uns com mais força outros com mais palmas. Nesta noite tivemos a presença de uma comitiva de representantes de ONG´s de vários Estados do Nordeste, que estavam num evento em Maceió (Mobilizar) e ficaram extasiados com as mostras de filmes em vela de jangada. Deram entusiasmados depoimentos de que este projeto deveria ultrapassar as fronteiras de Alagoas para outras cidades nordestinas.


[ Praia de Jatiúca (Posto 7) - Maceió/AL


. 11 de fevereiro de 2006

O local conhecido como Posto 7, na badalada praia de Jatiúca, recebeu um público que no começo, às 19 horas, era de aproximadamente 100 expectadores, mas depois do terceiro curta exibido chegou a mais de 400. A mostra terminou por volta da meia noite. Nas preleções de Hermano Figueiredo antes de cada filme, foi divulgada a abertura das inscrições para o DOC TV e da Oficina com Geraldo Sarno, que prestigiou o evento e teve um curta exibido. Sarno falou ao público de cima da jangada sobre o seu filme e sobre a oficina que começaria dois dias depois. O cineasta ainda elogiou o projeto Acenda uma Vela. O público participou com perguntas e opiniões.

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