. ACENDA UMA VELA ANO 5 ||DEMOCRATIZE O CINEMA BRASILEIRO. FILMES SÃO FEITOS PARA SEREM VISTOS || PELOS DIREITOS DO PÚBLICO. NÓS SOMOS O PÚBLICO. realização: IDEÁRIO . patrocínio: MINISTÉRIO DA CULTURA (MinC) - FNC/Secretaria do Audiovisual E PRÊMIO ARETÉ - PROGRAMA CULTURA VIVA/Secretaria de Cidadania Cultural. parceria: PROGRAMADORA BRASIL e ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CINEMA DE ANIMAÇÃO . apoio: CINE + CULTURA, ALGÁS e RÁDIO EDUCATIVA / INSTITUTO ZUMBI DOS PALMARES

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

E no bis, o seminário

ACENDA UMA VELA, 4ª EDIÇÃO
::: Maceió, Espaço Cultural Linda Mascarenhas (IZP)
Segunda, terça e quarta
15, 16 e 17/06/09
Seminário Circuito em construção + Acenda uma Vela 4

A impossibilidade da tão esperada sessão de Piranhas teve o seu lado bom: realizamos um importante seminário sobre formação e auto-sustentabilidade cineclubista em Alagoas. Durante três dias, no Espaço Cultural Linda Mascarenhas, o CIRCUITO EM CONSTRUÇÃO + ACENDA UMA VELA – SEMINÁRIO PARA A FORMAÇÃO E AUTO-SUSTENTABILIDADE CINECLUBISTA reuniu cineclubes, interessados no assunto e importantes nomes do cenário audiovisual brasileiro e local. O objetivo foi discutir a formação e a manutenção de cineclubes, com temas como leis de incentivo, direitos autorais, programação, distribuidores de conteúdo e formação de redes locais.

O projeto Circuito em Construção é realizado pela Associação Cultural Tela Brasilis (RJ) e passou por quase todas as capitais brasileiras. O seu foco é a auto-sustentabilidade cineclubista sob a lógica da Economia da Cultura e através da parceria com o Acenda uma Vela, introduzimos grande conteúdo inicial sobre formação cineclubista, pois sabíamos que as dúvidas sobre o assunto ainda persistem por aqui e fazem com que a atividade não forme um corpo autônomo e bem estruturado.

Assim, de uma sessão inicialmente furada pelas chuvas constantes, colocamos de pé, com bastante desenvoltura e alguns imprevistos, o primeiro evento exclusivo sobre cineclubes do Estado de Alagoas.

Para compor a programação, trouxemos Eduardo Ades (Coordenador do Circuito em Construção e da Associação Cultural Tela Brasilis), Frederico Cardoso (Coordenador Executivo Cine Mais Cultura/MinC), Hermano Figueiredo (Coordenador da Rede Olhar Brasil/MinC e idealizador do Acenda uma Vela), Nadja Rocha (Técnica em audiovisual do SESC/AL), Pedro da Rocha (Presidente da Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-metragistas de Alagoas) e Nataska Conrado e eu (Tela Tudo Clube de Cinema/AL).

Chegamos logo cedo na manhã do primeiro dia para montar um cenário no mínimo interessante aos olhos cineclubistas. Não queríamos adotar a formação tradicional de um seminário, com uma mesa longa diante da platéia, onde até mesmo entre os próprios palestrantes é difícil manter algum contato verbal e visual. Aproveitamos a estrutura pequena e aconchegante do teatro para fazer do palco uma praça simples para uma discussão descontraída sobre cinema.

Montamos a estrutura de projeção de slides atrás de dois bancos de praça dispostos em diagonal de frente para a platéia e em seguida, colocamos um segundo projetor voltado para o teto, pois abrir a nossa vela, mesmo no teatro, era essencial. Projetamos no teto as fotos das sessões da 4ª temporada, criando uma iluminação artificial para o ambiente enquanto a vela mostrava sua itinerância através das fotografias de Nataska.

Faltou energia quando estávamos com tudo montado quase uma hora e meia antes do início do seminário. Sem energia, nada de microfones, projetores e tudo mais eletronicamente montado para que o evento fosse dinâmico.

E assim, após evocado o imprevisto, lá fomos nós: dois fusíveis queimados até descobrirem que a tomada do palco não podia ser usada; o vôo da gol atrasou com Frederico e Eduardo, que estavam na segunda rodada do seminário; uma manifestação do Movimento Moradia fechou a rua principal de descida do aeroporto, atrasando ainda mais os palestrantes; só começamos às 15:30h, quando estava marcado para às 14h.

A regra é clara: a combinação de todos os imprevistos sempre gera vários e pequenos imprevistos, que devem ser administrados em relação aos maiores sem esquecer das suas independências.

E lá fomos nós tentar o equilíbrio na imprevista ladeira.

Nossa preocupação maior era com o esvaziamento do seminário. Sabíamos da difícil missão de propor algo interessante para os cineclubistas atuantes no Estado, que andam sem muita periodicidade nas ações e com o ânimo meio frouxo, e para os novos interessados, que precisavam de uma instigação prática e paupável para estenterem finalmente suas telas e segurá-las abertas, pois este, de fato, é o grande desafio. Optamos por utilizar nossas experiências, através do cineclube Ideário e do Tela Tudo Clube de Cinema, para dar essa costura animadora aos dois grupos presentes.

Hermano deu início ao seminário em um momento que chamamos de instigação cineclubista. Com 30 anos de cineclubismo na bagagem e tendo escrito muitos textos e um pequeno manual sobre o assunto, suas histórias são sempre garantia de muitas risadas, poesia e percepções fantásticas: verdadeiras pérolas que ele deixa pelo caminho para os mais atentos. Nesse ritmo, Hermano segurou pouco mais de uma hora de seminário, onde esclareceu importantes dúvidas e deu alguns "nortes" para os menos informados.

A boa energia de suas histórias trouxe-nos sorte. A luz voltou e após o intervalo do lanche, Frederico e Eduardo conseguiram chegar do aeroporto. Daí por diante, a tranquilidade e a produtividade foram companheiras e pudemos colocar em prática o planejamento para os três dias. O resultado foi surpreendente.

Nos dois primeiros dias, intercalamos os eixos temáticos citados com a exibição de dois filmes da série de três curtas-metragens sobre cineclubismo, chamada Diálogos. Realizada pelos cineclubistas da Pão com Ovo Filmes de Santa Maria (RS), é o material em vídeo mais completo sobre o assunto que conhecemos até então. Apesar das dificuldades técnicas pela gravação com câmeras simples, os curtas discutem o conceito de cineclube, apresentam relatos de experiências de cineclubistas de vários estados do Brasil e da América Latina e traçam um importante panorama do movimento brasileiro. Após assistir a série, uma palavra essencial à atividade cineclubista fica na cabeça: diversidade.

A idéia do terceiro dia do seminário era promover uma espécie de encontro entre os cineclubes atuantes aqui, mas no decorrer do evento e pelas fichas de inscrição, percebemos que a maior parte do público era formada por cineclubistas iniciantes e aspirantes. Assim, eu e Nataska optamos por fazer um passo a passo com os principais conceitos abordados nos dias anteriores. Em seguida, uma discussão sobre a formação do olhar e do espectador crítico, além de questões práticas dos cineclubes através do Tela Tudo e da Ideário, como divulgação, programação e parcerias.

Como não podia faltar um espaço para "cineclubar" de verdade, reservamos mais da metade da última tarde do evento para a exibição e discussão de filmes. Na tela e nas falas dos presentes, revesaram-se os curtas SERTÃO DE ACRÍLICO AZUL PISCINA (Marcelo Gomes e Karim Aïnouz, PE), O MEIO DO MUNDO (Marcos Vilar, PB) e as animações BERNI'S DOLL ("A boneca de Berni", Yann Jouette, FRA) e COUER DE SECOURS ("Um coração para Emergências", Piotr Kamler, FRA).

Nos despedimos com a sensação de ter derramado algumas sementes e recolhido outras tantas. O objetivo de dar um primeiro passo concreto em direção ao intercâmbio de experiências e idéias entre todos que pensam e agem pelo cineclubismo foi, sem dúvida, alcançado.

Certa vez, em uma reunião do cineclube para dividir tarefas, alguém do grupo me questionou se "o movimento cineclubista era feito somente de apaixonados". Na hora respondi "que não necessariamente, que existem muitas formas e etc", mas nunca esqueci essa pergunta e vez por outra ela me torna à cabeça quando percebo o esvaziamento de espaços como estes. Cada vez mais sinto que a paixão é essencial. Não para começar, mas para manter o projetor ligado e a tela acesa. O mínimo de paixão que seja. Só não sei responder quando a paixão pode ser mínima...

Pois bem. Fortalecimento do trabalho e do pensamento coletivo são coisas que sentimos falta por aqui. Há muita gente com propostas bacanas e engajadas, mas que pelo trabalho solitário acabam bloqueadas no meio do caminho pelos obstáculos. "Se você tiver uma maçã e eu tiver uma maçã, e trocarmos as maçãs, então cada um continuará com uma maçã. Mas se você tiver uma idéia e eu tiver uma idéia, e trocarmos estas idéias, então cada um de nós terá duas idéias” (Bernard Shaw).
Simples assim.

Agora peço licença para terminar com um viva ao cineclubismo e ao cinema brasileiro.
Que viva!
Até a próxima temporada!

Ah, e filmes são feitos para serem vistos.



GALERIA DE FOTOS :::




Em pauta: parcerias institucionais e fortalecimento das redes locais.
Hermano, Nadja, Frederico e Larissa Lisboa (ABD&C/AL)como mediadora.
[Foto: Nataska Conrado]

O público da vela não poderia faltar ao nosso seminário.
[Foto: Nataska Conrado]

Frederico Cardoso, coordenador do Cine+Cultura (MinC)
fala sobre distribuição de conteúdo para os cineclubes brasileiros.
[Foto: Nataska Conrado]



Hermano Figueiredo, idealizador do Acenda uma Vela:
presença no seminário e na projeção da itinerância.
[Foto: Nataska Conrado]



Último dia do circuito em construção. As cineclubistas da Ideário
e do Tela Tudo, Lis e Nataska, compartilham suas experiências.
[Foto frame]



Exibição da série cineclubista DIÁLOGOS. Relato de experiências
de cineclubes do Brasil e da América Latina.
[Foto frame]

Eduardo Ades, coordenador do circuito em construção,
na discussão sobre direitos autorais e do público.
[Foto: Nataska Conrado]

A exibição do curta O MEIO DO MUNDO, de Marcos Vilar (PB),
encerrou as atividades na praça cineclubista.
[Foto: Nataska Conrado]



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